6.10.06

LULA

Ventura Picasso

"Pessoa superior, a única no seu gênero: a fênix dos oradores". Arrasta multidões ao maior acontecimento político do século 20; apenas um partido político, legalizado, igual aos outros, que se propôs a desenvolver uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna. Era difícil acreditar num partido de trabalhadores e sindicalistas, que pudesse transformar a sociedade pelo voto conquistado de eleitores céticos, alcançando a presidência da república, pasmem, é hoje um partido de massas, pior, ideológico.

Diria Brecht: " - Mas quem é o partido? / Quem é ele? / - Somos nós... / Mostre-nos o caminho que devemos seguir, e nós / o seguiremos como você, mas / não siga sem nós o caminho correto /. Ele é sem nós / O mais errado / Não se afaste de nós! / Podemos errar, e você pode ser a razão, portanto / Não se afaste de nós".

Que força estranha é essa que se propaga pelo mundo, e a nossa América totalmente influenciada por esse orador, mostrando um novo caminho, convencendo e garantindo um futuro melhor às nações que acreditam em sua fala. Por isso surgiu Hugo Chaves, Evo Morales, Michele Bachelet e Tabaré Vasques. Em 2006, candidatos com orientação à esquerda, disputarão eleições presidenciais em El Salvador, Peru, Colômbia, México, Equador e Nicarágua. Não podemos perder as posições que o eleitorado brasileiro conseguiu, e hoje é maior a nossa responsabilidade, o século 21 é latino-americano.

Em 2005, aos gritos, o fascismo racista pregava o impeachment do chefe da nação, e a cassação do registro do partido (nós). Parlamentares e militantes intimidados e vacilantes, desprovidos de ideologia, os que não amam nada, aproveitaram o momento e sorrateiramente, abandonaram o partido quando ele mais precisava de todos. Traíram (?), não; são assim mesmo, pessoas comuns que querem um cargo, um emprego e se erraram ingressando num ambiente desconhecido, ideológico, cometeram dois equívocos: a) ao entrarem; b) ao ronco do trovão, afinaram, fugiram e se afastaram de "nós".

Agora, a "fênix dos oradores" reconquistou a posição maior nas pesquisas, passou longe do segundo. Desrespeitado por uma oposição desesperada, que bateu durante os últimos seis meses, mas não "matou" o partido e seu criador. Desorientados, pensando e fazendo pensar que o partido é igual aos outros, o que não é verdade, tudo que fazem, facilita a ressurreição do PT e a reeleição do ídolo de Bono Vox (U2). Resta-nos voltar ao tempo e relembrar Henfil com sua graúna falante, e se fosse hoje, ao ver uma "esperança" gritaria:

- O Lula é o cara, meu!

Folha da Região (28-02-2006)

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