26.1.07


CRÔNICA
OS DOIS MINISTROS

É evidente que a democracia, no sistema capitalista, e as relações entre os delegados (deputados etc.) eleitos e o poder central, passam pela insuficiência de caráter de alguns, e quase sempre, na periferia, o cidadão comum acredita nas denúncias e nos julgamentos abertos ao publico, pelas mídias, quando das CPIs. Uma quantidade de deputados esperava o ex-Ministro-Chefe da Casa Civil José Dirceu pôr os pés na Câmara, para cassá-lo. Esses deputados, antigos e novos, por acaso, encontrarão uma alternativa política para tirar do ‘buraco da linha amarela’, Alckmin (sumido), e Serra dizendo que a culpa é das construtoras?

Para garantir a pratica democrática, são necessários dois elementos essenciais: Liberdade política e imprensa poderosa. Zé Dirceu foi denunciado por um mentiroso, e Raul Jungmann pelo Ministério Público Federal. Alegando pressão popular, os vendedores de crônicas e notícias duvidosas encarregaram-se de destruir todas as possibilidades de defesa que o Deputado Federal Zé Dirceu do PT, pudesse utilizar, e assim foi cassado sem provas.

Onde estarão os cronistas neste novo momento histórico? Por acaso, no buraco premiado pelo PSDB, ou no escritório do Consórcio ‘Amarelo’ que constrói a linha 4 do Metrô? A contradição nesta historia é que, não ficou claro, se os artigos e crônicas traziam denúncias verdadeiras contra o partido do governo (PT), contra o Presidente Lula e contra o (ex) Deputado.

Enquanto José Dirceu luta na justiça por anistia para restaurar seus direitos políticos, o ex-ministro Raul Jungmann, hoje Deputado reeleito pelo PPS-PE, processado pelo MP, tenta desmentir os procuradores da Republica, onde afirmam na ação de improbidade administrativa que “as provas colhidas revelam de modo claro a existência de uma verdadeira estrutura ilícita, nos moldes de uma quadrilha, destinada a dilapidar o patrimônio do Incra por meio de sucessivos desvios de recursos públicos nos contratos de publicidade”. Nota fiscal falsificada, sem dúvida, é uma fria.

Os maiores formadores de opiniões do país, os mais bem pagos, foram derrotados por Lula do PT. Foi uma luta entre a verdade e a mentira, o concreto e o abstrato, fatos e boatos, manchetes de jornais e revistas contra o programa Bolsa Família, inquestionável, que cobre aproximadamente onze milhões de lares, reduzindo a pobreza e a injustiça social. O eleitor pobre desmentiu tudo, até Arnaldo Jabor. A imprensa está sendo cobrada, se tomar o caminho da imparcialidade, como poderá sobreviver politicamente no buraco Alckmin, Serra e o PSDB?
JOSÉ DIRCEU FOI CASSADO SEM PROVAS. ESSA INJUSTIÇA PRECISA SER REPARADA!
Ventura Picasso

17.1.07




ENTRELINHAS
Bate Forte
Folha da Região


Moro num kibutz, habitação coletiva. Não é uma cooperativa israelense, é quebra-galho nacional. Planejava uma crônica, “O caixa três”. Coisa de candidatos que compram, e não pagam, eleitos ou não, caloteiros. A vizinha do nº. 32 invadiu minha sala, eu de cueca e ela apavorada, aos gritos:
- Meu filho meteu um pregão no pé, por favor, preciso de um médico.

Entrou no Fusca com o cabeçudo enrolado numa toalha.
- Não vou sujar o carro. Sabe onde é?
- Claro que sei.
Fomos ao plantão: eu, a vizinha e o pimpolho no prego. Mas, o caminho não fluía, vira pra cá, pra lá e nada. Ela foi logo solando:
- Não seja teimoso, pare ali e pergunte pro japonês.

O lugar não é estranho, ninguém ligou, há um bando de barrigudinhos, esse moquiço é o Bate Forte!
- Vai logo, diz a mãe aflita.
Entrei no boteco, o tempo parou. Todos em silêncio me encarando. Estático, eu não perguntava e eles não respondiam, até que surgiu um senhor, posso dizer elegante, sendo entrevistado pelo repórter Totonho Caracol; Pede licença, levanta-se e vem.

Passando as duas mãos nas laterais da cabeça, ajeitando os cabelos úmidos de gel, disse:

- Te conheço, Freud; Se és amigo do Consa, é nosso amigo, onde dói?
- Estou com uma criança acidentada e não encontro uma unidade de saúde por perto.

- Muito bem. Onde trabalho tem um pediatra fantástico, não há igual, atende quinze crianças em dez minutos. Urgência é com ele e, virando-se para o jornalista:
- Caracol, vou acompanhar o Freud.
Na calçada, deparando-se com o Fusca interplanetário, refugou:
- Vou com Bicho Grilo, você vem atrás.

Fila grande e na recepção, após toda burocracia indicaram o fim da fila.
- O fim da fila, chorando a mãe protestou.
O abelhudo trazia cravado um prego de vinte e cinco cm. Segurava o tornozelo para não tocar em nada. Não sangrava, não chorava e quem via aquela barbárie virava o rosto.

Surge no corredor, Nozão Dodói arrastando uma perna, raio-X na mão, desancada e com caspa no menisco, quando viu o pé do Manezinho, pimba: desmaiou.

O guri na fila e a desmaiada causaram um sururu danado. Pescoção daqui, pescoção dali, tinha gente querendo quebrar tudo. Por sorte, abrindo a porta de uma sala, o Dr. Duas Caras, que é psicanalista de boêmio gritou:
- Rodada de Benzetacil por conta da casa!
- Oba!!!

O pediatra fantástico chegou ao pé do moleque, de martelo e alicate; não deu um pio, prendeu o prego na pinça, martelou e liquidou.
- Cara bom, afirmou o Dr. DC. Em dez segundos acabou a arruaça. Não falei?
Alivio geral! Manezinho e sua mãe sossegaram. Esqueci o caixa três, os políticos caloteiros e comemorei com a galera a dose grátis. Acabou a bagunça e a unidade voltou ao normal.

Araçatuba, 20/01/2007


3.1.07


CADA MACACO NO SEU GALHO

Folha da Região - Entrelinhas - 05012007

Desculpe Otília, hoje não tem política, tem auto-ajuda. Não leio auto-ajuda por nada, mas nem por isso vou deixar ao desamparo os amigos que buscam um ‘tapinha nas costas’. Partindo da máxima fascista: ”Faça o que eu mando,...”, sinto-me um guru, o GPS dos perdidos, o alarme dos atrasados e a sorte dos azarados. Os homens e suas manias ‘superiores’, não chegam às patinhas de um cão vira latas que nunca perde o rumo, não se atrasa e sempre encontra uma cachorrinha por perto.

Observando o comportamento dos animais selvagens, que fazem do seu habitat um espaço ecológico sagrado, preservando o próprio corpo, mais em favor da vida do que por medo da morte. Persistentes, procuram água e alimentos para saciarem a fome, ao encontrá-los, consomem apenas o necessário, não há exageros, mal estar, dor de cabeça. Nunca vi uma capivara besta, anorética, hiperfágica ou ortoréxica, nem mesmo com TPM.

A inteligência e a sensibilidade do homem nunca chegam perto do instinto animal. Não é preciso imitá-los, ou afirmar que virar sapo seria o ideal. Pode ser que não apareça uma donzela para dar um lado da cama ao batráquio; Dá uma banana; E beijar sapo dá sapinho.

É um mistério a percepção dos bichos aos fenômenos naturais. Muitas pessoas entram em pânico diante da morte, de tremores, tempestades e trovões. Os animais nunca perdem o controle, o contrário, tenho a impressão de que eles se organizam nesses momentos limites, como por encanto, e sem barulho desaparecem. Nós optamos pela depressão.

Os problemas são de quem os cria e convive. Alguns os passam a outros, não assumem as adversidades. É fácil aconselhar a quem abandona a mulher ou é abandonado por ela. Questões profissionais, amor e sexo que na maioria das vezes é mal trabalhada. No trabalho são vítimas da inveja; No amor a traição ou a posse; No sexo a indiferença, e vez que outra, a confusão: Sexo sem amor, amor sem sexo e sexo com amor ou ainda, nem amor nem sexo. Conhecer o animal humano, poucos conhecem.

Na natureza, a utopia anarquista comanda com simplicidade o sistema, que não é ocidental/oriental. O anarquismo em nossa sociedade jamais existirá. O homem é um estranho nesse meio por ser antropófago e incestuoso. No ecossistema não há convenções, religiões ou governos porque cada ser vivo tem uma função pré-estabelecida a ser cumprida, e cumpre.

O planeta vai de mal a pior e como não nos entendemos enquanto superiores, organizados e religiosos que somos. Poderíamos viver na selva, como os macacos cada um no seu galho, respeitando de saída, ao menos, a lei da gravidade? Imitar a natureza é ótimo, “... mas, não façam o que eu faço”! Ih ? Fiz política de auto-ajuda? ? Eh, eh...


Ventura Picasso