22.8.07


Galo da Madrugada
Folha da Região -28/08/2007

Faz três noites / Que eu não durmo / Lá, lá... / Pois perdi o meu galinho / Oh lá, lá... Pobrezinho / Lá, lá... / Coitadinho / Lá, lá... / Ele faz / Quiri, qui, qui...

Estava fazendo uma dessas crônicas inúteis que o jornal não publica, mesmo por que, certos assuntos são impróprios aos eleitores. Como escrever que é vergonhoso ver o ano inteiro, nos muros, nas paredes e nos carros o nome de um demagogo, que transgride as leis da publicidade eleitoral? Mesmo não calando, convivo com esse lixo. Não posso dormir com essa trava na consciência. O galo canta, mas ignoro...

Cansamos!

Vivendo e trabalhando no “conforto” do lar, pré-depressivo, dormindo da zero hora as 4h30; de repente, sou atropelado pelo canto de um galo às 4 da madrugada. Milhões de decibéis invadem-me, os vidros trepidam, um terremoto de 12° na escala aberta de Ritcher. Tento dormir, mas não me livro da diarista, do Galo Doido, da Xaxa, do Basset, da Lady, do Francis etc.

Galo pode cantar de madrugada? Aqui no kibutz não pode, mas como quem malha o Lula, ele repete e manda a dose das 5h Acordei! O cantador de hora certa, pela explosão pulmonar, seria grande como um avestruz. Ou uma avestruz cantando como galo? Dia seguinte o barulhoso mudou-se, foi cantar no alto da barricada lá na Rua Rio de Janeiro com Antonio Lino.

Fazendo café bem cedo, abri a porta do kit para respirar, dou de cara com a Xaxa (Pinscher). Não é a filha da Xuxa é da Roberta. Educada e bem vestida possui um guarda roupa Benetton. Sempre é bem recebida, só entra em casa se convidada.

Francis, Schnauzer recém chegado à comunidade, late e denuncia quem mora ou passa pela rua, mas não faz nada. Parece aquele vereador que se acha, fiscaliza o governo federal, mas aqui não faz nada. Esse cão radical, em breve, mudará de opinião.

O Basset aloprado ninguém segura. Entrou e não percebi. O japa assobiando chegou à porta perguntando pelo cãozinho. Nisso o bicho aparece, saindo do banheiro derrapando, espeloteado, derrubando tudo, sumiu. Fui ao banheiro encontrei a Lady dormindo e um cocosão no tapete que o Basset do japonês me contemplou.

Espantei a Lady, e ela nem ligou, deu uma olhada indiferente, mediu-me, recostou-se e continuou fazendo a sua sesta. Cantando: ”Atirei um pau no gato, to...”, enchi a lata d’água, chamei-a novamente, mas ela... Nada! Irado, não tendo galo, cachorro ou gato, arremessei a água acertando em cheio a gatinha folgada. Como um raio ela voou em sentido contrário ao que eu imaginara, passou-me entre as pernas, e por sobre o muro desapareceu.

À noite, o vizinho voltando do trabalho, bateu na minha porta: ”Toc, toc,”.
Pois não?
─ Viu a Lady?
NÃO! Só vi o galo.

Ventura Picasso - 21/08/2007
2202
MAQUIAVEL
(O titulo não é plágio)
Folha de Região

Na Folha da Região, a coluna “Ponto Cego” de 08/07/2007, do jornalista, professor e croniqueiro Hélio Consolaro revela, que um grupo de bacanas da cidade, está se reunindo para meter as mãos na cumbuca política da província.

Conheço esse filme. Há pouco tempo um grupo de pastores evangélicos, que de bacana nada tem, fundou a Frente Evangélica. Foi sugerido o nome de Frente Cristã, assim caberia o papa, o padre e o resto da paróquia. Mas, aqui na cidade, Frente Fria é a única coisa boa que entra, e todo mundo apóia.

Com muita antecedência, estabelece-se, a luta pelo poder. De um lado, os sociólogos donos da razão, conhecedores dos fatos. Do outro, os filósofos detentores da verdade e da idéia. Ambos querem comprovar a posse do que é verdadeiro (suas promessas?). Mas, quem pode acreditar nesse verdadeiro? A disputa entre os grupos é a única verdade aparente, mesmo porque, ambos querem eleger o prefeito. Tolos, lutam pelo poder, supostamente maior.

Neste caso, a ambição e a vaidade impedem a aproximação do filosofo da realidade social. No mesmo universo, o sociólogo é impedido de interpretar suas experiências. É fácil deduzir que, o padre e os pastores são especialistas em religiões. E os cientistas sociais, hábeis em teoria e pesquisa. Na terceira via o grupo de bacanas, sonha ganhar a eleição, com um candidato a prefeito que não seja político profissional. Se ninguém é do ramo, isso não passa de piada.

Analisando os problemas políticos de nossa terra, sei que o cargo de prefeito seria muito importante se os vereadores dedicassem vinte e quatro horas do dia, às leis e fiscalização dos atos do prefeito. Vereadores com bons salários, alguns aparecem uma vez por semana para marcar presença na seção. Portanto, esses grupos que se organizam visando as eleições de 2008, se bem intencionados, provocariam a substituição dos integrantes da Câmara. Mas, porque estão de olho no cargo de prefeito?

Há muito que fazer na casa de leis: Cargos de confiança sem concurso; seis assessores por gabinete; vereador empregando a família inteira é nepotismo descarado; o prédio da Câmara é luxuosíssimo; cidade é suja, ruas esburacadas, abandono da educação de transito para ciclistas, Daea (?), devolução do SAMU etc.

Entre teses, missas e cultos, todos efetivamente ingênuos, que conforme Hélio Consolaro alertou, não estudaram Niccolò Machiavelli. Se o fizessem, encontrariam mais de vinte teorias para interpretar Maquiavel, magnífico filosofo, que na verdade escrevia para os príncipes e as repúblicas praticarem. Caro leitor, a terra do boi precisa de bons vereadores para dirigir um prefeito.
12/07/2007 - Ventura Picasso
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