25.6.12

Basta! Thomaz

*E aí... Comeu?

Sexo e contravenção são divertidos. Quem vê cara não vê coração, assim como a visível Raimunda, de perfil fazendo uma fezinha, arriscando na milhar do jacaré um sonho da noite anterior; logo mais a noitinha estará em seu ponto. Sem preservativo (?), nem pensar! No capitalismo tudo, tem um preço, menos tu doutor.

Refletindo sobre imagens e palavras, sem imaginar, invadi o espaço de ‘Carlitos’. Os ricos de hoje, compram o silêncio, contradizendo Chaplin que afirmava em Tempos Modernos: “os ricos compravam barulho”.

Na televisão a imagem não constrangia o espectador indignado; Violentava. A cena subvertia a estética. Naquela hora e naquele lugar, lado a lado, Thomaz instrui o suspeito: “Fecha o bico”.

― ”Com os direitos garantidos pela Constituição da República Federativa do Brasil, vou ficar em silêncio; caladinho, como cidadão brasileiro e eleitor do Demostenes!”

Entrou mudo e saiu calado.

Ao lado de Cachoeira, seu advogado com o olhar distante, num momento abstrato divagava em outra praia. Ele estava, sem querer estar, constrangido.

Onde estariam em 2003, o advogado e seu cliente? Em suas bancas? No Ministério da Justiça, Thomaz Bastos transformava a Polícia Federal. Em Goiás, o bicheiro vendia pules. Não se bicavam. Cada um na sua, um não existia para o outro. Será?

Os homens de bem, hoje, se orgulham da PF. Entre todos os Ministros da Justiça, em nossa história, o melhor. O nosso ex-ministro têm o direito de defender qualquer suspeito, é o seu trabalho, dele depende a sua subsistência. Não é o primeiro ex-ministro da justiça que defende a causa dos gigantes da contravenção.

O patrulhamento exercido por uns poucos, alegando que como ex-ministro, em hipótese alguma, ele deveria defender Cachoeira; Mais contundente, o Procurador Regional da República, Manoel Pastana, entrou com uma representação contra o ex-ministro Bastos, entre outros pontos alegou o fato de Cachoeira não ter dinheiro suficiente para pagar os honorários à banca de Thomas. Fica subtendido que aceitar dinheiro de bandido é como receptar produto de furto. Não é bem isso, mas quase.

O discurso de Thomas na TV, procurando safar-se do rótulo de advogado ‘porta de cadeia’, aquele que faz qualquer coisa por dinheiro, foi mal. A linguagem visual é outra. O discurso que contradiz a acusação é abstrato e volátil. As imagens daquela foto televisiva sem legenda, não. É o cenário congelado que faz história.

Apenas uma foto!

O argumento sonoro, dizia Charles, manipula a fotografia. No filme mudo, de Cachoeira e Bastos, a expressão corporal não revelava nada, não havia um gesto, uma palavra, cúmplices estáticos traídos pelo o olhar. Moral da foto imoral, os olhos dizem tudo.

Apenas uma foto!

A CPI é importante para a sociedade por abrir e liberar o debate sobre o comportamento de funcionários, servidores públicos e pessoas comuns envolvidas nas mais variadas tramas. O telespectador tem o direito de ver as feições desses (empresários) “marginais”, mesmo que sejam contemplados com prisão domiciliar.

O bom advogado para cumprir com suas obrigações descarrega uma cascata de recursos (40?), para livrar da cadeia imediata o esperto e abastado freguês. Ninguém procura absolver ou condenar o bicheiro, é como jogar no bicho. No capitalismo tudo, tem um preço, menos tu doutor. Lá pelas tantas, cai na mesa de um desembargador de plantão, 50 mil folhas acusando o delinquente, dá o bicho, o cara vai para casa, e é só alegria. Quem não arrisca fica sem visita íntima... “E aí, comeu?” Sexo e contravenção são divertidos.

Ventura Picasso – Cia dos Blogueiros
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‘E aí, comeu?’ Filme de Felipe Joffily – Adaptação da peça de Marcelo Rubens Paiva, de 1998. Entrou em cartaz 22/06.


4.6.12

ZECA

― O que se passa aqui na vila não se passa na Aclimação.
‘Há algo estranho no reino paulistano’. A segurança pública do estado mais rico da federação, não está dando conta da criminalidade, por quê?
Chamou-me a atenção o dialogo delicado entre o Cristiano Maffra, personal trainer, dono do cão por um lado, e pelo outro, o vilão da história. Certamente o chefe da ação, até agora identificado apenas por ‘individuo desconhecido’.     
O dono do simpático Staffordshire Terrier quis saber:
Onde está o meu cachorro?
Perguntou ao assaltante.
Este por sua vez, olhando para o seu cúmplice ao lado, repetiu a pergunta.
O meu, cadê o cachorro do boy?
Tá comigo, cara. É muito bonito pra deixar. Vou levar; é o cachorro de hora!
Fazendo um sinal com a cabeça, o chefe, trocando o olhar com o boy, apontou com o nariz na direção do sócio:
Tá ligado? Entendeu? Tá com ele viu!  

― Bandido legal. Cheguei! Talvez aqui seja o meu novo mundo, habitar este espaço infinito. Estou fazendo coisas que nunca fiz. Quanta gente diferente. A liberdade desenvolve outros valores, eu não sabia, cão de apartamento sofre pra burro. Hoje, andando com um bando de cachorrinhos estranhos, estou fazendo xixi no poste e cheirando rabo de vira-latas, sem complexos. Dou-me bem com todas as raças. Aqui é só alegria. A criançada se diverte muito com as minhas brincadeiras.
Cristiano arrasado entrou na internet e pôs o cachorro na rede.  Aquilo não poderia ser um roubo. Quem em sã consciência roubaria um Stafford? Foi sequestro! Logo o telefone vai chamar. Mas, não chamou. Foi roubo mesmo.
Lá no Violão, suponhamos, foram os dias mais felizes da vida do Zeca. Caiu na boemia, sem horário pra nada, tá na vida. Mas, tudo o que é bom acaba logo, a notícia de que a polícia havia localizado o cachorro chegou até Cristiano. Pelo Facebook o aviso geral: “Zeca voltando pra casa!!!!!! Polícia achou nosso cão, Brasil!”
O Facebook, verdadeiro rastreador via satélite, até a CIA usa o ‘ƒ’, espalhou a notícia como se o Zeca tivesse em seu corpo um chip bovino da Ceitec.
A rotina na vida do Zé voltou à normalidade. O dono emocionado diz ter reencontrado um filho. Zeca vai passar um tempo num “spa completo”, com “filé mignon” e “duas cachorras da mesma raça”, para recuperar o emocional.
― Que dureza, quem precisa de recuperação emocional, é o meu dono. Não quero spa, filé e duas cachorras da minha raça. Não sou preconceituoso. De hoje em diante, só a pretinha Candelária, pode resolver os meus problemas. O que passa lá na Aclimação não passa aqui no Monte Kemmel. Agora, eu quero saber quando é que o Cristiano vai me levar ao morro do Violão; preciso urgente, de umas ferias.
Ventura Picasso – Cia dos Blogueiros                                                                                                  2286 - Foto: f_102950.jpg - http://imagem.band.com.br/f_102950.jpg