26.7.13

Tudo é política, estupido!

Luciano Martins Costa em 25/07/2013 edição 756 Observatório da Imprensa


Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 25/7/2013

O leitor ou leitora atenta de jornais e revistas pode achar que as notícias são uma espécie de carrossel que gira continuamente, trazendo a cada ciclo novas informações sobre indicadores econômicos, competições esportivas, dados sobre saúde e educação e declarações de políticos.
Tudo parece seguir um curso fiel à realidade objetiva. No entanto, quando essa observação é respaldada por pesquisas sobre jornalismo, o olhar pode ir mais longe e a compreensão dos processos midiáticos tradicionais se torna mais acurada.

Note-se, por exemplo, o que se pode apurar com a leitura do livro intitulado Liberalismo autoritário, publicado em 2011, pelo cientista social e historiador Francisco Fonseca, professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Com base em amplo estudo, que em sua forma final comporta mais de 300 páginas, Fonseca demonstra como a imprensa brasileira contribuiu ativamente para a criação do atual sistema político-partidário, que agora procura demonizar. Ele destrincha o discurso homogêneo e manipulador da mídia tradicional, mostrando como um conceito especial de moralidade pública é usado pelo jornalismo brasileiro para influenciar as instituições da República.

Embora seja tarefa difícil e sujeita a riscos resumir as conclusões de um trabalho acadêmico que envolveu consultas a milhares de páginas de jornais e revistas durante anos, pode-se afirmar que o livro demonstra com fartura de provas como a imprensa se move continuamente numa mesma direção, mesmo que eventualmente esse trajeto aponte num sentido contrário ao interesse da sociedade.

Essa visão é sempre pautada por um complexo de ideias e convicções que repetem os valores definidos como “liberalismo”. Tudo que se opõe a esse conjunto de crenças passa a ser demonizado. A construção desse discurso pode ser percebida em qualquer edição de qualquer um dos principais jornais brasileiros.

Na quinta-feira (25/7), por exemplo, os três diários de circulação nacional destacam em suas seções de economia o aumento de 5,9% para 6% no índice de desemprego no Brasil, no mês de junho passado, em relação ao mesmo mês de 2012.

Títulos de reportagens e colunas tentam convencer o leitor de que ingressamos numa crise de desemprego. O Globo faz blague: “Jovens na rua. No olho da rua”. O Estado de S.Paulo destaca em página inteira: “Desemprego sobe para 6% em junho”. A Folha de S.Paulo publica infográfico para afirmar que “mercado de trabalho perde fôlego”.

Trata-se, observe, de uma variação de 0,1 ponto porcentual em um ano, num contexto considerado de pleno emprego.

Distorcendo os fatos

No mesmo dia, o principal jornal de economia e negócios do País, o Valor Econômico, traz como manchete: “Multinacionais elevam captação via empréstimo”. Na análise de conjuntura, que é onde a informação sobre desemprego pode ser contextualizada, observa-se que a oferta de emprego caiu porque a indústria reduziu o número de postos de trabalho.

Em outras fontes se observa que a indústria cortou postos, em parte, por causa do clima de pessimismo (criado pela imprensa). A questão inclui ainda o aumento da população ativa, ou seja, do número de brasileiros que, completando os estudos, passam a aparecer nas estatísticas dos que procuram trabalho. Além disso, não há estudos atualizados sobre o verdadeiro potencial do mercado de trabalho no Brasil.

Mas os jornais que pautam a agenda institucional do Brasil desprezam o contexto quando um dado isolado vem a calhar para sua versão da realidade.
Jornalistas sabem que há profecias que se autorrealizam. Há um interesse explícito em convencer o leitor, e em especial aquele leitor que toma decisões importantes em empresas e outras instituições, de que o país está mergulhado numa crise.

Para esse interesse específico, é importante convencer a sociedade de que os principais trunfos da política econômica inaugurada há dez anos, a oferta de emprego e o aumento da renda do trabalhador, estão se esgotando.

Martelar continuamente a tese de que vivemos uma crise é uma forma sempre eficiente de produzir alguma crise. No entanto, embora pareça que a imprensa tradicional atua como partido político de oposição ao atual governo, essa não é uma afirmação que vale para todas as circunstâncias: na verdade, conforme se pode apreender da leitura dos jornais e com respaldo no trabalho do professor Francisco Fonseca, o que se conclui é que a imprensa atua sempre em favor da ideologia com a qual ela se identifica. Seja qual for o partido no governo.

Torna-se oposição a qualquer governo que ouse sair dos dogmas do chamado liberalismo econômica e da visão de mundo segundo a qual a sociedade deve ser dirigida por uma elite econômica e intelectual de perfil conservador. Portanto, é preciso rever a famosa frase do consultor James Carville, que serviu ao ex-presidente americano Bill Clinton. Ao explicar a vitória de Clinton, nas eleições de 1992, ele escreveu num quadro de avisos: “É a economia, estúpido!”

No caso brasileiro, é preciso corrigir: “Na imprensa tudo é política, estúpido!”.

15.7.13

A Presidenta


"Por que, mais uma vez, a classe dominante quer nos vencer?"

E aí Barack, tudo bem?

Quem não gosta de sacanagem? A CPMF custou R$40 bilhões aos pobres; agora nos falta infraestrutura para a saúde? Hoje o crime organizado tem conta corrente, projetos custeados pelos bancos e cartão de crédito. Os criminosos não precisaram mais enterrar o dinheiro no quintal.  

A notícia falsa divulgando o fim do ‘Bolsa Família’, seria o sinal luminoso, para mobilizar a sociedade procurando desestabilizar o governo da Presidenta Dilma?

Chamo Presidenta para democratizar o português – a oposição não democratiza, demoniza! Vic Barros, da UNE, prefere ser chamada de presidenta: “Para democratizar também o português”.

A notícia que desencadeou o ódio popular, não seria suficiente para levar multidões às ruas, se não fossem dirigidos por grupos oportunistas, anônimos, interessados em assumir o governo. O MPL Movimento Passe Livre pediu passagem e foi. Valeu, virou história... 

Nas praças, um carnaval em forma de protestos, milhares de pessoas, em trio elétrico, ‘mamãe eu quero’, em busca de direitos legítimos. Descobriram que as verbas desaparecem nos Estados e Municípios, mas a culpa fica com a Presidenta.

Os que votaram contra a CPMF em dezembro de 2007, não devem protestar contra a saúde, previdência social e combate à pobreza. “Alguém notou o barateamento de alguma coisa”; porque só os bancos e traficantes notaram? 

Os membros do congresso nacional, os governadores e prefeitos, as assembléias e as câmaras de vereadores estão preocupadas com o crioulo doido do samba? Não!

Deram um tempo aguardando o resfriamento das manifestações.  A pressa é inimiga! Esse Plebiscito...

O desrespeito do legislativo a nação, nos quatro cantos do país, é norma. No congresso está a proposta de reforma política, engavetada, a mais ou menos vinte anos.

Mônica Bergamo, reconhecendo as qualidades do mineiro de BH (07/07/2013 página inteira (E2) Folha/Ilustrada): “Aécio Neves não namora mulher feia”, diz ela.  Eis a virtude política da mídia..

Voltando às ruas, o plebiscito do happy hour com cachaça, é agora ou nunca! Dilma bradando Plebiscito despertou mais de 400 deputados votantes, que não votam contra ou a favor, sem estimulantes. Quem é essa Dilma, pergunta o funcionário do jornal?

Agora já aparece o preconceito contra a mulher Presidenta. “Por ser mulher ela é manipulada etc !”, garantem os golpistas.  Que plebiscito que nada.

Na via de acesso ao terminal aéreo de Guarulhos, a maioria das pessoas bloqueadas, no fogo cruzado, coitadas estava perdendo seus voos. Era bomba de efeito moral, bala de borracha e bordoada bem distribuída.

O Geraldo vai importar lança chamas. É melhor que carro pipa jogando agua nos manifestantes. Agua não dói! O PSDB, a cavalo, quando bate arrebenta. Que saudades do Erasmo!

Passar as férias em qualquer lugar do mundo é saldável, gastar milhões em bugigangas que podem ser compradas aqui; é vaidade!

“Aguardando o nascimento de um possível herdeiro do trono inglês, a duquesa de Cambridge Kate Middleton, escolhe apenas marcas britânicas com preços módicos”.

CPMF retirou do governo em 2007, R$40 bilhões da saúde. Por ser um imposto, o governo tinha o direito de fiscalizar todas as transações financeiras, no país. Que sacanagem!

Até logo mais, Barackinho...

Ventura Picasso

2695.

10.7.13

6.000 médicos cubanos




Foto da internet
 
Pedro Saraiva: Sobre a vinda dos 6.000 médicos cubanos 



Olá Nassif, sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil. Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas.

– O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Antônio Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.

– Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.

Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquas, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato).
A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.

– Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiros tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade.

Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros?

Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China?

O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros?

– Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presenciei quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ.

Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação.

Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram.

Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provas. Lembro deles terem pedidos informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.

Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil.

Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá nas áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra.

Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? Vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil.

– É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico.

Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).

Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).

– Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem super especialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!

Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreira, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.

Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano.

2.7.13

A verdadeira guerra da mídia já começou

02/07/2013 - Luís Nassif
economia@hojeemdia.com.br
Estourou a guerra Google x Globo.
Desde a década passada estava claro, para os grandes grupos de mídia, que os grandes adversários seriam as redes sociais.
Rupert Murdoch, o precursor, deu a fórmula inicial na qual se espelharam grupos de mídia brasileiros: apostou alto ao adquirir uma rede social bem colocada na época. Falhou. A rede foi derrotada por Google e Facebook.
Murdoch decidiu então levar a guerra para o campo da política. Usou velhos recursos de manipulação da informação para estimular um clima de intolerância exacerbada, especialmente na eleição de Obama.
O caso brasileiro
No Brasil, sem condições de lutar com as redes, os quatro grandes grupos de mídia - Globo, Abril, Folha e Estado - montaram o pacto de 2005 seguindo a receita de Murdoch.
1. Exploração da intolerância. Nos EUA, contra imigrantes; aqui, contra tudo o que não cheirasse classe média e contra a falta de pedigree de Lula.
2. Exploração da dramaturgia. Transformando adversários em entidades superpoderosas. O “reino de Drácula” foi a exploração do tal bolivarianismo e as FARCs.
3. Manipulação ilimitada da notícia. É só conferir a sucessão de capas da Veja em sua parceria com Carlinhos Cachoeira. Ali, rompeu-se os elos entre notícias e fatos.
4. Pressão contra a mudança do perfil da publicidade. Historicamente, os grandes sempre se escudaram no conceito de “mídia técnica” para impedir a pulverização das verbas publicitárias. Ou seja, a mídia que alcance o maior número de leitores.
Quadro atual
Agora, tem-se o seguinte quadro:
Na grande batalha, a velha mídia perdeu. O Google entrou com tudo. Este ano deve faturar R$ 2,5 bilhões, o segundo maior faturamento do país, atrás apenas da Globo. O Google se vale de duas das ferramentas que a velha mídia usava contra os menores concorrentes: o BV (Bônus de Veiculação) e a “mídia técnica”.
A Globo reagiu junto ao governo e denunciando práticas fiscais do Google, de recorrer a empresas “offshore” para não pagar impostos. Mas a própria Globo teria se valido desse subterfúgio fiscal. A denúncia é de blogs independentes.
E a velha mídia descobre que, em sua estratégia tresloucada para dominar o ambiente político, queimou as pontes que poderiam levar a alianças com setores nacionais. Ela criou um mundo irreal para combater (guerrilheiros, bolivarianismo, etc.), encheu colunas e programas de TV com simulacros de profetas malucos e, quando os inimigos contemporâneos entraram em cena, não consegue desenvolver um discurso novo.
É o bolor contra o mundo digital.                                                                                                    http://www.hojeemdia.com.br/m-blogs/lu%C3%ADs-nassif-1.88634/a-verdadeira-guerra-da-m%C3%ADdia-j%C3%A1-come%C3%A7ou-1.142027