10.8.13

Mais Médicos



Ministério da Saúde denuncia à Polícia Federal boicote ao programa Mais Médicos

10/08/2013 - 03h03 http://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2013/08/1324382-ministerio-da-saude-denuncia-a-policia-federal-boicote-ao-programa-mais-medicos.shtml

O Ministério da Saúde enviou para a Polícia Federal números para embasar a investigação sobre uma campanha deliberada de boicote ao programa ‘Mais Médicos’. O levantamento mostra que, do dia 9 ao dia 12 de julho, quando foi lançado, cerca de mil profissionais por dia se inscreveram, pela internet, com registros falsos. Depois do anúncio de que a polícia entraria no caso, a média despencou para 280.

TABELA
 
No dia 11 de julho, o número de inscrições erradas bateu recorde: 1.900.

GERAÇÃO ESPONTÂNEA
 
Nesse período, correntes em redes sociais incentivavam os médicos a se inscreverem em massa para desistirem logo depois, só para conturbar o programa. Entidades que representam os profissionais e que se opuseram ao ‘Mais Médicos’ declararam que nada tinham a ver com o movimento.

2.8.13

Escândalo de 425 milhões



Bob Fernandes - Jornal da Gazeta
Escândalo de R$ 425 milhões: o “Trenzão” do PSDB


Em 01/08/2013 - Bob Fernandes http://terramagazine.terra.com.br/bobfernandes/blog/2013/08/01/escandalo-de-425-milhoes-o-trenzao-do-psdb/
Publicado em 31/07/2013
O Movimento Passe Livre centra sua luta nos transportes públicos. E por isso volta às ruas a 14 de agosto. Volta por conta de uma denúncia: ao longo dos últimos 20 anos, num esquema de cartel e corrupção, governos do PSDB em São Paulo teriam lesado os cofres públicos em R$ 425 milhões.

O esquema teria sido montado para vencer concorrências na área de metro e trens. Com envolvimento de políticos e funcionários públicos de governos do PSDB paulista.

A investigação nasceu da devassa feita, no exterior, em duas multinacionais do setor: a francesa Alstom e a alemã Siemens. Com confissão de ex-funcionários, na justiça. Por lá já tem gente demitida e presa.

A Alstom aponta distribuição de US$ 6,8 milhões para integrantes do tucanato paulista entre 1998 e 2001. Um ex-funcionário da Siemens revelou: de outro contrato superfaturado, algo como R$ 46 milhões seguiram para gente do PSDB.

No Brasil, a denúncia é fruto de acordo feito pela Siemens com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Em troca a multinacional ganha imunidade.

O uso do futuro do pretérito composto -teria, teriam, seriam - é uma imposição elementar do jornalismo. Isso são denúncias. Denúncias sobre o que seria um propinoduto tucano, mas não são fatos já julgados.

Será preciso, via ministério público e Justiça, investigar e apontar quem é culpado e quem é inocente. É claro que isso terá desdobramentos na política; o chamado "mensalão" do PT, por exemplo, está em cartaz há 9 anos.

O que não se deve esperar é o mesmo empenho, a mesma gana e, principalmente, o mesmo barulho. Cinco mil dólares na cueca de um petista é algo espetacular. Ir ao banco com carteira de identidade e receber 20 ou 50 mil de um "por fora" é também espetacular; além de ser crime, é rudimentar e é hilário enquanto método.

Tudo isso e muito, muito mais, alimentou o espetáculo do "mensalão". E o problema é do PT, que se enfiou nessa porque quis. Mas admitamos: R$ 425 milhões, com multinacionais e corrupção, é também enredo espetacular. Do PSDB.

A diferença está, estará na disposição de se ir a fundo nesse "trenzão" tucano. No investigar, noticiar e reverberar até a punição.

No Brasil tem os escândalos que existem. E tem escândalos que não se quer que exista. Para estes, reserva-se o estrondoso silêncio.

A propósito, recordemos o que disse Paulo Vieira de Souza, que depôs na CPI da Delta/Cachoeira. Em entrevista à Revista Piaui, o ex-diretor do Dersa paulista escancarou: "Por que a CPI proibiu abrir as contas do eixo Rio-São Paulo?


Porque se abrir, cai o Brasil."




1.8.13

Pobre estudar medicina




 “Pobre estudar medicina é afronta para a elite”, diz médico formado em Cuba.

31 de julho de 2013 http://www.mst.org.br/%E2%80%9CPobre-estudar-medicina-%C3%A9-afronta-para-elite%E2%80%9D-diz-m%C3%A9dico-formado-em-Cuba

Por José Coutinho Júnior Da Página do MST

A elitização do ensino de medicina no Brasil é um obstáculo para jovens de baixa renda entrarem nas universidades e se formarem. Já os problemas nas provas de revalidação do diploma dificultam o exercício da profissão em território nacional pelos brasileiros que conseguiram se formar no exterior.

“Quem estuda medicina no nosso país são os filhos das elites, em sua maioria. É uma afronta para a elite um negro, um pobre, um trabalhador rual, filho de Sem Terra estudar medicina na faculdade, principalmente pelo status conferidos por essa profissão”, afirma Augusto César, médico brasileiro formado em Cuba e militante do MST.

Estudo do Ministério da Educação (MEC) aponta que 88% dos matriculados em universidades públicas de medicina estudaram em escolas particulares no ensino fundamental e médio. Os programas do governo de acesso à universidade, como o Programa Universidade para Todos (ProUni), ampliaram o acesso, mas ainda não conseguiram universalizar e democratizar a educação.

“A maioria das pessoas que entram na universidade pública para cursar medicina tem dinheiro para fazer um bom cursinho ou estudou o tempo todo numa escola particular. Claro que há exceções, mas o ensino de medicina do nosso país é altamente elitizado”, acredita Augusto.

“A maior parte das pessoas que tem acesso às escolas de medicina são de classe média e classe média-alta. Um pobre numa universidade particular não consegue se sustentar pelo alto preço das mensalidades. Sem contar que hoje temos mais universidades privadas do que públicas na área da saúde, dificultando ainda mais o acesso”, diz a médica formada em Cuba Andreia Campigotto, que também é militante do MST.

Revalidação

A necessidade dos médicos brasileiros formados no exterior e estrangeiros passarem por uma prova para verificar se estão capacitados a exercer a profissão é um tema frequentemente pautado pela comunidade médica brasileira.

Independentemente do curso, todos os estudantes brasileiros que realizam um curso fora do país precisam passar por uma revalidação do diploma. No entanto, há falhas nesse processo no caso da medicina.

Um dos principais problemas é que não existe um padrão para o conteúdo dessas provas. Cada universidade federal pode abrir sua prova de reconhecimento de títulos no exterior. Com isso, o conteúdo não é uniforme. 

Além disso, o custo dessas avaliações é alto. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) cobra uma taxa de inscrição de R$1.172,20. Outras universidades pelo país têm preços similares.

Preconceito

“As provas são injustas, porque têm um nível de médicos especialistas, e não de 'generalistas', que é o que somos após nos graduar. Isso causa uma desaprovação considerável dos estudantes que vem de fora”, acredita Andréia.

“O que a categoria médica não divulga é que 50% dos estudantes da USP reprovaram na prova feita pelo Conselho de Medicina de São Paulo. Foi uma prova para médico generalista, muito mais fácil que a de revalidação”, revela.

Para Andréia, há um “grande preconceito” por parte dos profissionais brasileiros em relação aos médicos formados em outros países, o que cria um entrave para a revalidação dos diplomas.

“Seria justo se os profissionais que se formam no Brasil fizessem as mesmas provas que nós, para ver se realmente se comprova uma suposta má formação de nossa parte, bem como discursa a categoria médica brasileira”, observa.

Os dois médicos defendem a realização de uma avaliação dos conhecimentos dos profissionais graduados no exterior, mas destacam que as provas atuais não cumprem esse papel, porque não são aplicados testes adequados para auferir o conhecimento.

“As provas teóricas e práticas atuais não levam em conta as complexidades. Seria muito melhor colocar esse médico para trabalhar sob um tutor e, a partir daí, se instaurar uma avaliação rigorosa e permanente. Mas isso não tem sido pensado”, pontua Augusto.

Formação

A concepção de medicina ensinada nas universidades impede também que os estudantes vejam a luta pela saúde além do tratamento de doenças.

“Nas universidades de medicina, só se vê doença. Não se fala em saúde. Como você pode lutar pela saúde se só vê doenças? Também é saúde lutar pelo direito à cidade e por um sistema público de saúde de qualidade”, destaca Augusto.

De acordo com o militante, a concepção de saúde deve ultrapassar uma formação técnica. “O médico deve exercer a medicina a favor da construção de um país mais saudável, sem esperar que as pessoas ou uma comunidade adoeça para depois intervir sobre ela, pois é o modo de vida que vivemos que gera as doenças do país”, defende.

Andreia quer se tornar professora de medicina para colaborar para a mudança da forma de ensinar das universidades. Ela se classificou na primeira fase do concurso para lecionar na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Segundo ela, o campo da educação deve ser ocupado por aqueles que querem democratizar a educação. “Precisamos formar profissionais com um novo perfil, realmente voltados para atender o povo, para se fixar nos locais de difícil acesso, não só nos grandes centros como hoje. É um campo interessante de atuação”.

* Essa matéria faz parte de uma série de reportagens com dois médicos que analisam as diferenças entre os cursos e a concepção de medicina em Cuba e no Brasil. No próximo texto, que será divulgado na sexta-feira na Página do MST, Andreia e Augusto opinam sobre a vinda dos médicos estrangeiros para o Brasil e analisam os problemas no sistema de saúde brasileiro, como a falta de estrutura nos hospitais.

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