Luis Nassif dom, 15/12/2013 - 06:00 - Atualizado
em 15/12/2013 - 09:13 - http://jornalggn.com.br/noticia/o-pessimismo-militante-da-velha-midia#.Uq2BQ5Btxmg.twitter
Dia desses conversava com o executivo de um grande
grupo europeu, que não se conformava com o clima de pessimismo que via em
meios empresariais brasileiros, como resultado da cobertura da velha mídia do
eixo Rio-São Paulo. Comparava com Portugal e Espanha, desmanchando-se, com a
União Europeia, estagnada, com os desastres na Irlanda e na Grécia. Aí,
voltava-se para o Brasil com o mercado de consumo aquecido, o desemprego em
níveis mínimos históricos, o investimento privado direcionando-se para os
leilões de concessão. E me dizia que o Brasil era um país muito louco.
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Há muitas críticas à condução da política econômica
e vulnerabilidades que precisarão ser enfrentadas – especialmente o
desequilíbrio nas contas externas. Mas nada que nem de longe se pareça com o
quadro pintado nos grandes veículos. Aumentos de meio ponto percentual ao ano
nos índices inflacionários são tratados como prenúncio de hiperinflação;
acomodamento das vendas do varejo, em níveis elevados, como prenúncio de
recessão.
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No fundo desse pessimismo renitente há uma guerra
política inaugurada em 2005 que, quase nove anos depois, continua sacrificando
a notícia no altar das disputas partidárias.
É significativa a cobertura, em um jornal econômico
relativamente equilibrado, do discurso de Dilma Rousseff em um evento da CNI
(Confederação Nacional da Indústria).
O primeiro parágrafo é dedicado ao discurso de
Dilma, à necessidade de uma indústria forte, de não transformar o país em uma
mera “economia de serviços”. Em seguida, mencionou programas exitosos, como o ‘Pronatec’
(Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e ao ‘Ciência Sem
Fronteiras’.
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Se Dilma permanecesse no encontro, continua a matéria,
iria colher relatos bem diferentes sobre o que mencionou. É entrevistada então
a superintendente de uma empresa de eletrodomésticos que diz que os programas
são bons, “mas chegaram atrasados”. “O problema é que não temos nenhuma
garantia de que o empregado no qual investimos tanto seguirá na
companhia", é a reclamação. E sugere a criação de uma “bolsa
emprego”, destinada a premiar o funcionário que permanecer mais tempo na
empresa.
O que isso tem a ver com a Pronatec? Nada. É um
problema interno da empresa, de gestão de recursos humanos em uma economia
aquecida, mas que é utilizado como contraponto ao que parecia ser excesso de
otimismo na abertura da matéria.
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É um entre muitos exemplos do pessimismo militante
que recobriu a cobertura econômica da velha mídia nos últimos anos. E que acaba
comprometendo a crítica necessária sobre os pontos efetivamente vulneráveis da
política econômica e do processo de desenvolvimento brasileiros.
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Na sexta-feira, a mesma CNI divulgou a pesquisa
CNI-Ibope. Os que consideram seu governo bom e ótimo saltaram de 37% para 43%
em relação ao último levantamento, de setembro. Desde julho, o crescimento foi
de 12 pontos percentuais. O percentual dos que aprovam a maneira de Dilma
governar aumentou de 54% para 56%.
É evidente que há muito a melhorar no ambiente e na
política econômica. Mas quem está em crise exposta, hoje em dia, é certo tipo
de jornalismo que acabou subordinando o senhor fato a disputas políticas
menores.
Coluna do Nassif - por Luís Nassif Folha da Região de Araçatuba
Postado por Ventura Picasso
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