25.6.14

Baba de enforcado


A “Copa das Copas” está bombando.  Há um reconhecimento mundial sobre o sucesso da nossa Copa.
Fonte Flickr Sebaxxxtian Paris
Quando a mídia se propunha a comentar algo sobre a Copa, abriam a informação divulgando o custo do estádio que apresentavam, garantindo que não estariam prontos para o evento. Diziam ainda, incentivando os Blake Bloc, que era  dinheiro dos nossos impostos.

Não são jornalistas. Jornalista divulga a realidade dos acontecimentos, dos fatos. Assessor divulga o que o patrão manda. De tudo o que foi falado, do atraso das obras, do caos aéreo, da mobilidade urbana, do entorno dos estádios, da distância do centro da cidade ao “Itaquerão”.  
Trucou?
O que aconteceu com a verdade dos fatos?
Blefe político em plena campanha presidencial? Uma mentira? Ou um crime perfeito. A sociedade enganada iria discutir a partir do final da Copa a incompetência da Presidenta da República?
O tsunami mineiro pode, diante de tantas mentiras, virar uma marolinha. 
Houve pesquisas interessantes sobre o comportamento da nossa sociedade. O resultado desse levantamento causou uma surpresa à população mineira. Esperavam que a violência entre casais fosse maior nos estados no nordeste: Bahia, Pernambuco, Ceará etc.
Minas Gerais aparecia como o estado com o maior índice de crimes passionais.  
Nada mais do que um número, sem muita importância, no destaque revelando que Minas é, sem dúvidas, um estado machista. Confesso que essa pesquisa é antiga. 
Em estudo recente (dez/2013), informava que 30% dos homicídios no estado são os chamados conflitos passionais.
A mulher, em Minas Gerais, é tratada a tiros. Isso é machismo cultural. Por outro lado, como não podia deixar de existir, as panteras mineiras, se apresentam altivas para o confronto.
E tome chifre.
Que saudades de Pouso Alegre, do entroncamento da diversão, da alegria e da liberdade. O footing, nos automóveis das panteras, à caça de novos parceiros acontecia todas as noites. 
Dilma Rousseff, além de Presidenta da República, é mineira. Entendo que todos os meios de comunicações agregados à Vênus Platinada embarcam de comum acordo naquela tese que mulher só pode dirigir fogão.
A “Copa das Copas” vai às mil maravilhas. A euforia dos críticos escorreu como baba de enforcado pelas frestas das caixas de som. Salvador Dali assinaria esta obra. Como é difícil, um pé no saco, para certos assessores radialistas dizer que os estádios são lindos, que os gramados são perfeitos, que os aeroportos são maravilhosos. 
Porém, é bom que saibam todas as mulheres, eleitoras do Brasil; A propaganda eleitoral será orquestrada nesse tom, o tom do preconceito de gênero.  A publicidade subliminar, eleitoral vai rolar dissimuladamente, nesse universo. 
Em todas as situações que a capacidade da mulher for questionada, precisamos resistir. O machista é um elemento covarde, ele ataca a mulher se ela for fraca. Não precisa ser corajosa, basta contra atacar, que os corajosos afinam como carneirinhos. 
Não foi mordida do Suarez no ombro do italiano Chielline, foi só um beijinho.                             A “Copa das Copas” está bombando. 

Ventura Picasso – www.picassoventura.blogspot.com.br 
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24.6.14

Copa: o Brasil ganhou, a mídia perdeu



ter, 24/06/2014 - 06:00 - Atualizado em 24/06/2014 - 06:00 - http://jornalggn.com.br/noticia/copa-o-brasil-ganhou-a-midia-perdeu


Já se tem o resultado parcial da Copa: reconhecimento geral - da imprensa nacional e internacional - que é uma Copa bem organizada, com estádios de futebol excepcionais, aeroportos eficientes, sistemas de segurança adequados, logística bem estruturada e a inigualável hospitalidade do povo brasileiro.
Vários jornais (internacionais) já a reconhecem como a maior Copa da história.
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Agora, voltem algumas semanas atrás, pouco antes do início da Copa.
A imagem disseminada pela imprensa nacional - era a de um fracasso retumbante. Por uma mera questão política, lançou-se ao mundo a pior imagem possível do Brasil. O maior evento da história do país, aquele que colocou os olhos do mundo sobre o Brasil, que atraiu para cá o turismo do mundo,  foi manchado por uma propaganda negativa absurda. Em vez das belezas do país, da promoção turística, do engrandecimento da alma brasileira, da capacidade de organização do país, os grupos de mídia nacionais espalharam a imagem de um país dominado pelo crime e pela corrupção, sem capacidade de engenharia para construir estádios - justo o país que construiu duas das maiores hidrelétricas do planeta -, com epidemias grassando por todos os poros.
Um dos jornais chegou a afirmar que haveria atentados na Copa, fruto de uma fantasiosa parceria entre os black blocks e o PCC. Outro informou sobre supostas epidemias de dengue em locais de jogo da Copa.
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O episódio é exemplar para se mostrar a perda de rumo do jornalismo nacional, a incapacidade de separar a disputa política da noção de interesse nacional. E a falta de consideração para com seu principal produto: a notícia.
Primeiro, cria-se o clima do fracasso.
Criado o consenso, abre-se espaço para toda sorte de oportunismos. É o ex-jogador dizendo-se envergonhado da Copa, é a ex-apresentadora de TV dizendo que viajará na Copa para não passar vergonha.
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Tome-se o caso da suposta corrupção da Copa. O que define a maior ou menor corrupção é a capacidade de organização dos órgãos de controle. O insuspeito Ministério Público Federal (MPF) montou um Grupo de Trabalho para fiscalizar cada ato da Copa, juntamente com o Tribunal de Contas da União e a Controladoria Geral da União. O GT do MPF tornou-se um case, por ter permitido economia de quase meio bilhão de reais.
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Antes da hora, é fácil afirmar que um estádio não vai ficar pronto, que um aeroporto não dará conta do movimento, que epidemias de dengue (no inverno) atingirão a todos, que os turistas serão assaltados e mortos. Fácil porque são apostas, que não têm como ser conferidas antecipadamente.
Quando o senhor fato se apresenta, todos esses factóides viram pó.
A boa organização da Copa não é uma vitória individual do governo ou da presidente Dilma Rousseff. É de milhares de pessoas, técnicos federais, estaduais e municipais, consultores, membros dos diversos poderes, especialistas em segurança, trânsito, empresas de engenharia, companhias de turismo, hotelaria.
E tudo isso foi jogado no lixo por grupos de mídia, justamente os maiores beneficiários. Eram eles o foco principal de campanhas publicitárias bilionárias, sem terem investido um centavo nas obras. Pelo contrário, jogando diuturnamente contra o sucesso da competição e contra qualquer sentimento de autoestima nacional.

19.6.14

Quem envergonhou o Brasil aqui e lá fora?



17/06/2014 - Por Leonardo Boff
http://leonardoboff.wordpress.com/2014/06/17/quem-envergonhou-o-brasil-aqui-e-la-fora-2/
                                                                                                                                                  Leonardo Boff - teólogo e professor emérito de Ética

Pertence à cultura popular do futebol a vaia a certos jogadores, a juízes e eventualmente a alguma autoridade presente. Insultos e xingamentos com linguagem da baixo calão que sequer crianças podem ouvir é coisa inaudita no futebol do Brasil. Foram dirigidos à mais alta autoridade do país, à Presidenta Dilma Rousseff, retraída nos fundos da arquibancada oficial.

Esses insultos vergonhosos só podiam vir de um tipo de gente que ainda tem visibilidade do país, "gente branquíssima e de classe A, com falta de educação e sexista", como comentou a sociolaga do Centro Feminista de Estudos, Ana Thurler.


Quem conhece um pouco a história do Brasil ou quem leu Gilberto Freyre, José Honório Rodrigues ou Sérgio Buarque de Hollanda sabe logo identificar tais grupos. São setores de nossa elite, dos mais conservadores do mundo e retardatários no processo civilizatório mundial, como costumava enfatizar Darcy Ribeiro, setores que por 500 anos ocuparam o espaço do Estado e dele se beneficiaram a mais não poder, negando direitos cidadãos para garantir privilégios corporativos. Estes grupos não conseguiram ainda se livrar da Casa Grande que a tem entranhada na cabeça e nunca esqueceram o pelourinho onde eram flagelados escravos negros. Não apenas a boca é suja; esta é suja porque sua mente é suja. São velhistas e pensam ainda dentro dos velhos paradigmas do passado quando viviam no luxo e no consumo conspícuo como no tempo dos príncipes renascentistas.
 

Na linguagem dura de nosso maior historiador mulato Capistrano de Abreu, grande parte da elite sempre “capou e recapou, sangrou e ressangrou” o povo brasileiro. E continua fazendo. Sem qualquer senso de limite e por isso, arrogante, pensa que pode dizer os palavrões que quiser e desrespeitar qualquer autoridade.

O que ocorreu revelou aos demais brasileiros e ao mundo que tipo de tipo de lideranças temos ainda no Brasil. Envergonharam-nos aqui e lá fora. Ignorante, sem educação e descarado não é o povo, como costumam pensar e dizer. Descarado, sem educação e ignorante é o grupo que pensa e diz isso do povo. São setores em sua grande maioria rentistas que vivem da especulação financeira e que mantém milhões e milhões de dólares fora do país, em bancos estrangeiros ou em paraísos fiscais.

Bem disse a Presidenta Dilma: “o povo não reage assim; é civilizado e extremamente generoso e educado”. Ele pode vaiar e muito. Mas não insulta com linguagem xula e machista a uma mulher, muito menos aquela que ocupa a mais alta representação do país. Com serenidade e senso de soberania pessoal deu a estes incivilizados uma resposta de cunho pessoal: ”Suportei agressões físicas quase insuportáveis e nada me tirou do rumo”. Referia-se às suas torturas sofridas dos agentes do Estado de terror que se havia instalado no Brasil a partir de 1968. O pronunciamento que fez posteriormente na TV mostrou que nada a tira do rumo nem a abala porque vive de outros valores e pretende estar à altura da grandeza de nosso país.

Esse fato vergonhoso recebeu a repulsa da maioria dos analistas e dos que saíram a público para se manifestar. Lamentável, entretanto, foi a reação dos dois candidatos a substitui-la no cargo de Presidente. Praticamente usaram as mesmas expressões, na linha dos grupos embrutecidos: “Ela colhe o que plantou”. Ou o outro deu a entender que fez por merecer os insultos que recebeu. Só espíritos tacanhos e faltos de senso de dignidade podiam reagir desta forma. E estes se apresentam como aqueles que querem definir os destinos do país. E logo com este espírito! Estamos fartos de lideranças medíocres que quais galinhas continuam ciscando o chão, incapazes de erguer o voo alto das águias que merecemos e que tenham a grandeza proporcional ao tamanho de nosso país.

Um amigo de Munique que sabe bem o português, perplexo com os insultos comentou: ”nem no tempo do nazismo se insultavam desta forma as autoridades”. É que ele talvez não sabe de que pré-história nós viemos e que tipo de setores elitistas ainda dominam e que de forma prepotente se mostram e se fazem ouvir. São eles os principais agentes que nos mantém no subdesenvolvimento social, cultural e ético. Fazem-nos passar uma vergonha que, realmente, não merecemos.