27.9.14

Discurso de Dilma na ONU revolta direita brasileira





25/09/2014 http://amoralnato.blogspot.com.br/2014/09/jus-esperneandis.html


O discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da Assembleia-Geral das Nações Unidas conteve verdades óbvias, mas inconvenientes; diante dos líderes mundiais, ela teve a coragem de dizer que mais violência, como os bombardeios aos países onde se escondem militantes do Estado Islâmico, irá gerar mais violência; "O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina, no massacre sistemático do povo sírio, na trágica desestruturação nacional do Iraque", disse ela; no entanto, para a mídia brasileira, com destaque para o Globo, Dilma foi quase confundida com uma militante jihadista disposta a decapitar cabeças; segundo Merval Pereira, discurso de Dilma produziu nele o sentimento de "vergonha alheia"; o que dizer então do Globo?

247 - Há tempos um discurso presidencial não irritava tanto a direita brasileira, como aconteceu nesta quarta-feira. Em Nova York, ao abrir a Assembleia-Geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff teve coragem para enfrentar um tema sensível, no momento em que países do Ocidente, tendo os Estados Unidos à frente, lideram uma nova ação militar contra países como Síria e Iraque, onde se escondem militantes do Estado Islâmico. De acordo com a presidente Dilma, uma nova onda de violência, que não enfrente a raiz dos problemas, irá apenas gerar uma escalada ainda maior de violência.

Eis o que disse a presidente Dilma sobre a questão:
Não temos sido capazes de resolver velhos contenciosos nem de impedir novas ameaças.  O uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos. Isso está claro na persistência da Questão Palestina; no massacre sistemático do povo sírio; na trágica desestruturação nacional do Iraque; na grave insegurança na Líbia; nos conflitos no Sahel e nos embates na Ucrânia.  A cada intervenção militar não caminhamos para a Paz mas, sim, assistimos ao acirramento desses conflitos. Verifica-se uma trágica multiplicação do número de vítimas civis e de dramas humanitários. Não podemos aceitar que essas manifestações de barbárie recrudesçam, ferindo nossos valores éticos, morais e civilizatórios. O Conselho de Segurança tem encontrado dificuldade em promover a solução pacífica desses conflitos. Para vencer esses impasses será necessária uma verdadeira reforma do Conselho de Segurança, processo que se arrasta há muito tempo. (...) Um Conselho mais representativo emais legítimo poderá ser também mais eficaz.  Gostaria de reiterar que não podemos permanecer indiferentes à crise israelo-palestina,  sobretudo depois dos dramáticos acontecimentos na Faixa de Gaza. Condenamos o uso desproporcional da força, vitimando fortemente a população civil, especialmente mulheres e crianças. Esse conflito deve ser solucionado e não precariamente administrado, como vem sendo.  Negociações efetivas entre as partes têm de conduzir à solução de dois Estados – Palestina e Israel – vivendo lado a lado e em segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas.

O que há de errado nesse argumento? Será que a "Guerra ao Terror" promovida pelos Estados Unidos no Iraque realmente semeou a paz? Será que a intervenção ocidental em países como Egito e Líbia deu origem a países estáveis? Será que a carnificina recente promovida por Israel na Faixa de Gaza, com o assassinato impune de 2,2 mil inocentes, liderado por Benjamin Netanyahu, plantou o amor no coração dos palestinos?

Dilma disse o óbvio. A escalada da violência irá produzir, apenas, mais violência.

No entanto, para a imprensa brasileira, com destaque para o jornal O Globo, a presidente Dilma foi tratada quase como uma militante jihadista do Estado Islâmico, pronta para decapitar cabeças.

Na capa, duas chamadas para seus "autoelogios", como se o discurso fosse uma peça de campanha política, e para o fato de ela não se opor "à atuação contra o Estado Islâmico". A imagem principal, de um Barack Obama focado, também já denota o alinhamento ideológico da família Marinho.

Internamente, o editorial "Palanque em Nova York" acusou a presidente de usar o "vestido vermelho PT" na ONU e de se colocar ao lado de "sectários muçulmanos, que adotam costumes medievais". Na coluna "Uso indevido", Merval Pereira disse ter sentido "vergonha alheia" pelo discurso de Dilma. Por fim, houve espaço para um artigo do embaixador Luiz Felipe Lampreia, que foi embaixador no governo FHC, afirmando que, com discursos como o de ontem, o Brasil fica cada vez mais distante de tornar-se membro do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O fato é que, no entanto, enquanto esteve alinhado aos Estados Unidos, o Brasil jamais teve suas pretensões diplomáticas levadas a sério.

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26.9.14

Dilma concede entrevista a blogueiros



quinta-feira, 25 de setembro de 2014 - http://altamiroborges.blogspot.com.br/2014/09/dilma-concede-entrevista-blogueiros.html
Por Renato Rovai, em seu blog:

A presidenta Dilma Roussef vai conceder amanhã, às 15h, no Palácio do Planalto, sua primeira entrevista a blogueiros. Estarão presentes oito blogues da chamada blogosfera progressista popularmente conhecida como suja. Apelido gentilmente concedido pelo ex-candidato a presidência da República, José Serra, em 2010, no auge daquela campanha eleitoral.

A entrevista foi solicitada há dois meses pelo Barão de Itararé e pela Altercom. Na semana passada, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) retornou informando que a presidenta havia concordado em realizá-la e a data foi acertada.

Vão participar da coletiva Altamiro Borges (Blog do Miro), Conceição Oliveira (Blog da Maria Frô), Eduardo Guimarães (Blog da Cidadania), Conceição Lemes (Viomundo), Miguel do Rosário (Cafezinho), Paulo Moreira Leite (247), Kiko Nogueira (Diário do Centro do Mundo) e Renato Rovai, este que vos escreve, representando a Revista Fórum.

É a primeira vez que um presidente da República concede entrevista a blogueiros no período do processo eleitoral. O presidente Lula foi o primeiro a ser sabatinado pela blogosfera, mas isso aconteceu após a eleição de Dilma.

Este blogueiro já está pensando em algumas perguntas, mas gostaria muito de receber sugestões. Fique à vontade para depositá-las na caixa de comentários.

E amanhã antes e depois do encontro, vamos realizar pela Revista Fórum uma cobertura diferente. Fique atento.

Postado por Miro às 21:40

23.9.14

Dilma reverte, na Globo, o massacre que iria sofrer



J. Carlos de Assis
como nos tempos do "pânico" da inflação

Devo me desculpar pelo que disse anteriormente sobre a inabilidade da Presidenta Dilma Roussef em matéria de comunicação de massa: ela deu um show de competência televisiva no Bom Dia Brasil da Globo, nesta segunda-feira, revertendo sobre a cabeça dos entrevistadores o verdadeiro massacre que estava preparado pela emissora para desqualificá-la politicamente.  O circo armado com Ana Paula Araújo e Chico Pinheiro, reforçado pelas baterias  de Miriam Leitão, caiu sob a própria lona numa capitulação forçada e sem graça.
                                                        É evidente que a presença de Miriam, supostamente competente em números, era para estraçalhar a Presidenta no meio de um cipoal de estatísticas enviesadas. Acostumada a manipular informações em artigos de jornal, sem o incômodo do contraditório, ela esbarrou numa serena exposição de fatos que a deixou simplesmente desarticulada. Quis passar ao telespectador a opinião absurda de que o Brasil se encontra em pior posição em matéria de crescimento econômico do que os países da Europa. Dilma fulminou seus argumentos.

É interessante notar que a Presidenta, em seu horário eleitoral, se torna às vezes cansativa quando desfila um grande número de estatísticas e dados numéricos. É da natureza dela, trazida de seu tempo quando devia comportar-se sobretudo como gerente. Na entrevista da Globo, contudo, quem colocou números na mesa foi a entrevistadora. Isso gerou uma controvérsia. E, como se sabe desde Platão, a dialética é esclarecedora. Confrontada com números falsos ou capciosos Dilma respondeu na ponta da língua com seus próprios dados, e a coisa toda funcionou a seu favor.

A Presidenta está muito bem informada sobre o que acontece na economia mundial. Rechaçou com números as alegações de que o crescimento do Brasil está num nível inferior ao da Alemanha.  Ela tem razão. O crescimento da Alemanha no segundo trimestre foi de 0,8%, na mesma faixa do Brasil. Isso, contudo, não é o mais importante. O significativo é que o crescimento econômico em toda a Zona do Euro foi de 0% no segundo trimestre, bem abaixo do Brasil. E, nos países individualmente, o ritmo nos últimos 12 trimestres tem sido o de contração em oito deles, e crescimento perto de zero em apenas quatro. No Brasil, até o momento, não houve contração trimestral.

A acusação de Miriam relativa ao emprego de jovens é outra tentativa de afirmação capciosa: ela não comparou as taxas de desemprego de jovens no Brasil ao desemprego nessa faixa etária de outros países, sobretudo na Europa. Jogou um número, 13,7%. Se tivesse acrescentado que o desemprego de jovens em países como a Espanha e Grécia chega a mais de 60% seria fácil concluir que a situação no Brasil é ainda tolerável. De fato, a situação mais grave de desemprego é quando atingem os adultos, os chefes de família. E, nessa faixa, a ocupação no Brasil tem batido recordes, com uma taxa de desemprego das mais baixas do mundo.

A boa performance de Dilma coloca em xeque um tipo de jornalismo tendencioso e agressivo que, sendo ele próprio um fenômeno de manipulação, tenta conduzir a campanha presidencial segundo suas próprias preferências. Isso está disseminado na mídia eletrônica, que opera sob concessão pública e, portanto deveria ser mais discreta em manifestar preferências. É o jornalista que quer aparecer, quer brilhar e, no caso, servir aos gostos políticos do patrão sob o pretexto de informar ao eleitor.

Ninguém quer um jornalismo subalterno nem absolutamente imparcial. Mas é essencial, para a democracia, um jornalismo honesto. Tenho suficientes décadas de jornalismo para aconselhar os mais jovens a seguir o exemplo dos entrevistadores da revista alemã “Der Spiegel”, para mim os mais competentes do mundo, que conseguem extrair tudo do entrevistado, com absoluto rigor profissional, sem, entretanto, pretender desqualificá-lo e agredi-lo.  Infelizmente, nossos entrevistadores de televisão estão seguindo por escrito o caminho dos paparazzi italianos!  
                                                                                                            J. Carlos de Assis - Economista, doutor pela Coppe/UFRJ, professor de Economia Internacional da UEPB.
Postado há 7 hours ago por René Amaral